Como os “genes saltadores” afetam o envelhecimento?
Pesquisadores de universidade na Hungria conseguiram estabelecer a ligação entre “genes saltadores” e envelhecimento.
Os “genes saltadores” são também chamados de elementos transponíveis – ou transposons – são importantíssimos para a compreensão de doenças complexas, como por exemplo, doenças neurodegenerativas ou câncer.
Tratam-se de pedaços de DNA que possuem a capacidade de serem removidos de uma área do genoma para um novo local.
Quando esses transposons se movimentam muito — o que acontece mais na vida adulta — eles desestabilizam o código genético.
E essa pode ser uma das razões do envelhecimento.
Em estudo publicado pela revista “Nature Communications”, Ádám Sturm e Tibor Vellai – pesquisadores da Universidade Eötvös Loránd, na Hungria – estabeleceram uma ligação entre esses transposons ou “genes saltadores” e o envelhecimento.
Esses pesquisadores conseguiram identificar um processo específico, chamado de via Piwi-piRNA. Este por sua vez, ajuda a controlar ou de alguma forma silenciar os transposons.
Esse processo funciona em certos tipos de células que não envelhecem, como as células estaminais cancerígenas, assim como em um animal enigmático e fascinante, conhecido como “água-viva imortal (Turritopsis dohrnii).
Em estudos anteriores, os pesquisadores húngaros Sturm e Vellai já haviam teorizado sobre a relação entre esse mecanismo e o conceito de imortalidade biológica.
Foram dois estudos publicados em 2015 e 2017.
E agora eles conseguiram testá-lo através de experimentos com Caenorhabditis elegans, que é um tipo de verme com aproximadamente 1 mm de comprimento.
Ele é comumente usado em experimentos sobre envelhecimento, estudos de doenças relacionadas à idade e mecanismos de longevidade.
Os cientistas aumentaram a via Piwi-piRNA no verme e consequentemente, ele viveu significativamente mais tempo.
Sturm e Vellai usaram várias técnicas para silenciar a atividade dos genes saltadores.
Quando fizeram isso com transposons específicos nos vermes, estes apresentaram sinais de envelhecimento mais lento.
E além do mais:
quando ao mesmo tempo controlavam vários transposons, os efeitos dessa extensão da vida útil aumentavam!
Essa experiência mostra uma vantagem significativa no prolongamento da longevidade.
Um dos autores do estudo, Ádám Surm, explicou:
Isso abre a porta a inúmeras aplicações potenciais no mundo da medicina e da biologia.
Inclusive, o estudo encontrou alterações epigenéticas no DNA dos vermes conforme envelheciam, especificamente nos transposons, ou genes saltadores.
Trata-se de modificações genéticas que afetam a atividade genética sem alterar a sequência do DNA.
Segundo Tibo Vellai,
Analisar essas mudanças, poderia ser um método para determinar a idade a partir do DNA, fornecendo um relógio biológico preciso”.
Ou seja, assim que os “genes saltadores” e as vias que os controlam forem melhor compreendidas, será possível encontrar novas formas de prolongar nossa vida e melhorar nossa saúde.
Nazif explicou que:
No campo do envelhecimento, já sabemos há algum tempo que os transposons parecem ser ativados quando os animais envelhecem, mas até agora houve poucos estudos que tentaram ver se isso está diretamente relacionado ao envelhecimento.
Porém, Alic argumentou que
Só porque algo acontece mais com a idade não significa que seja isso que realmente causa o envelhecimento. Poderia ser simplesmente resultado do próprio envelhecimento.
Dentro do estudo, para diferenciar entre causalidade e correlação simples, os cientistas fazem experimentos nos quais evitam que algo aconteça, para ver se isso realmente prolonga a vida útil de um organismo modelo específico.
Eles não foram os únicos a pesquisar essa relação, pois outros estudos já tinham tentado desativar os genes saltadores.
Segundo um pesquisador da UCL, essas outras pesquisas não foram feitas de forma tão específica e conclusiva como este estudo.
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